Eis aqui um POEMA elaborado em aula, em 10 minutos, por todos os alunos do 10º N1 :
Ser poeta é…
É ter o mundo nas mãos
É a luz da criação
É ter todo o tempo do mundo
No meu coração.
Sorrir à tristeza
Sentir o desespero
Chegar à loucura.
Ser poeta é…
ter glória no verso,
em Deus, no grande universo.
Ser poeta é
Amar-te perdidamente!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
Reinar no teu coração
Infinitamente…………………………………….
Ser poeta é
Ser jovem
E ter uma vida
De misericórdias
É ter uma infância fugaz
É encarar o fim a sorrir.
É a distância entre a coxa
e o pólen da canela.
É ter borbulhas paparrotadas
E a vida amarrotada
Numa casa à porta fechada
É aprender numa taberna
Morrer e renascer
sem nunca esquecer
E dizer não
Sem perder a esperança,
jamais esquecida.
Ser poeta é…
Estar perto
Ser poeta é…
estar longe
E ver a distância renascer
Observar os gestos,
Estremecer
E manter a pulsação.
É ser amigo,
ciumento, solitário,
escudeiro para a vida.
Ser poeta é
viver eternamente
na juventude
sentir o mundo florido
ser criança eternamente
querer o impossível
Ser poeta é
Ter amor às palavras
Vaguear no infinito
Inconformar-se com o destino
Neste mundo
O poeta fala, ouve, escuta ,
levanta-se e grita:
É ter ódio e amor e sentir frio
quando se tem calor
É sorrir com uma lágrima,
prestes a cair
É ver a luz na escuridão
É ver o Negro no Branco.
http://youtu.be/VJaNP_jzHRk
Este é o link para ouvires Luís Represas cantar esta bela composição poética de Florbela Espanca:
Ser Poeta
Ser poeta é ser mais alto, é ser maior
Do que os homens! Morder como quem beija!
É ser mendigo e dar como quem seja
Rei do Reino de Aquém e de Além Dor!
É ter de mil desejos o esplendos
E não saber sequer que se deseja!
É ter cá dentro um astro que flameja,
É ter garras e asas de condor!
É ter fome, é ter sede de Infinito!
Por elmo, as manhãs de oiro e cetim…
É condensar o mundo num só grito!
E é amar-te, assim, perdidamente…
É seres alma e sangue e vida em mim
E dizê-lo cantando a toda a gente!
(Florbela Espanca, «Charneca em Flor», in «Poesia
Completa»)
Sim, o amor é vão
É certo e sabido
Mas então (porque não) porque sopra ao ouvido
O sopro do coração
Se o amor é vão
Mera dor
Mero gozo
Sorvedouro caprichoso
No sopro do coração...
Mas nisto o vento sopra doido
E o que foi do corpo num turbilhão
Sopra doido
E o que foi do corpo alado nas asas do turbilhão
Nisto já nem de ar precisas
Só meras brisas,
Raras
Raras
Raras
Corto em dois limão
Chego ao ouvido
Ao frescor
Ao barulho
Á acidez do mergulho
No sangue do coração
Pulsar em vão
É bem dele
É bem isso
E apesar disso eriça a pele
No sopro do coração...
VEM POR AQUI...
Tens aqui o link de acesso ao poema
Cântico negro, de José
Régio, dito por João Villaret:
http://youtu.be/qKyWRJZnu2o
"Vem por aqui" — dizem-me alguns com os olhos doces
Estendendo-me os braços, e seguros
De que seria bom que eu os ouvisse
Quando me dizem: "vem por aqui!"
Eu olho-os com olhos lassos,
(Há, nos olhos meus, ironias e cansaços)
E cruzo os braços,
E nunca vou por ali...
A minha glória é esta:
Criar desumanidades!
Não acompanhar ninguém.
— Que eu vivo com o mesmo sem-vontade
Com que rasguei o ventre à minha mãe
Não, não vou por aí! Só vou por onde
Me levam meus próprios passos...
Se ao que busco saber nenhum de vós responde
Por que me repetis: "vem por aqui!"?
Prefiro escorregar nos becos lamacentos,
Redemoinhar aos ventos,
Como farrapos, arrastar os pés sangrentos,
A ir por aí...
Se vim ao mundo, foi
Só para desflorar florestas virgens,
E desenhar meus próprios pés na areia inexplorada!
O mais que faço não vale nada.
Como, pois, sereis vós
Que me dareis impulsos, ferramentas e coragem
Para eu derrubar os meus obstáculos?...
Corre, nas vossas veias, sangue velho dos avós,
E vós amais o que é fácil!
Eu amo o Longe e a Miragem,
Amo os abismos, as torrentes, os desertos...
Ide! Tendes estradas,
Tendes jardins, tendes canteiros,
Tendes pátria, tendes tetos,
E tendes regras, e tratados, e filósofos, e sábios...
Eu tenho a minha Loucura !
Levanto-a, como um facho, a arder na noite escura,
E sinto espuma, e sangue, e cânticos nos lábios...
Deus e o Diabo é que guiam, mais ninguém!
Todos tiveram pai, todos tiveram mãe;
Mas eu, que nunca principio nem acabo,
Nasci do amor que há entre Deus e o Diabo.
Ah, que ninguém me dê piedosas intenções,
Ninguém me peça definições!
Ninguém me diga: "vem por aqui"!
A minha vida é um vendaval que se soltou,
É uma onda que se alevantou,
É um átomo a mais que se animou...
Não sei por onde vou,
Não sei para onde vou
Sei que não vou por aí!
José Régio, pseudônimo literário de José Maria dos Reis Pereira, nasceu em
Vila do Conde em 1901. Licenciado em Letras em Coimbra, ensinou durante mais de 30 anos no
Liceu de Portalegre. Foi um dos fundadores da revista "Presença", e o seu
principal animador. Romancista, dramaturgo, ensaísta e crítico, foi, no entanto, como
poeta. que primeiramente se impôs e a mais larga audiência depois atingiu. Com o livro
de estréia — "Poemas de Deus e do Diabo" (1925) — apresentou quase
todo o elenco dos temas que viria a desenvolver nas obras posteriores: os conflitos entre
Deus e o Homem, o espírito e a carne, o indivíduo e a sociedade, a consciência da
frustração de todo o amor humano, o orgulhoso recurso à solidão, a problemática da
sinceridade e do logro perante os outros e perante a si mesmos.
http://youtu.be/lblt3gjemfs
Aprendi mais do que sei
Sei coisas que desconheço
Ando em busca das palavras
Que são lidas do avesso
Faz-me falta
O que já tenho
Dos sonhos que construí
Só as minhas mãos tão cheias
Desmentem
O que não fiz
Apenas faço um aceno
Um sinal
Dia após dia
Sentado à beira do mundo
Para dizer que estou aqui
Quem me achar que me acompanhe
Ao lugar de onde parti
A minha vida não para
E corre no meu caminho
Esta teima do destino
Em dar-me o que sempre quis
Faço mais do que digo
Digo mais do que penso
Tenho tudo e nada tenho
Que a tudo e todos pertenço
Olho os homens
Olho o mundo;
Vejo uma estrela cadente.
Ei-las que chegam, peregrinas, as palavras!
Libertadas as palavras
Chegam cristalinas,
perfumadas, adamantinas.
Ei-las que correrão de novo por aqui,
Paladinas do amor
Desenfreadas
Em busca do leitor.
Sejam bem vindos, todos os alunos do 12º ano que desejem postar no velho blogue que esteve encarcerado durante um ano.
Basta que nos enviem os vossos trabalhos para crelifma@gmail.com e de imediato os verão aqui postados.
Trabalhos literários, ensaísticos, poéticos, artísticos ou de outra qualquer natureza, com ou sem pseudónimo, pedido que sempre respeitamos.
...na Escola Secundária de Silves
Nos dias 21 e 22 de Abril, a artista Vera Mantero esteve na Escola Secundária de Silves. Durante esse tempo decorreram algumas actividades que aproximaram os alunos da coreógrafa e bailarina portuguesa, cuja obra foi dada a conhecer à comunidade escolar.
Detentora de vários trabalhos/obras a nível internacional, Vera Mantero tem-se destacado na área da arte contemporânea, tendo participado no 4º Festival Internacional das Artes de Castilla y Léon, em Salamanca, em 2008, entre outros espectáculos do género.
As actividades consistiram na visualização de documentários, realização de debates, performances e recriações artísticas em torno da sua obra. Em particular, a 22 de Abril, foi apresentada, durante a tarde, “Comer o coração”, concepção e criação conjunta entre a coreógrafa e o escultor Rui Chafes. Vários alunos do 10º e 11º anos recriaram precisamente pinturas com base na obra apresentada, e, para além disso, também outros escreveram poemas inspirados nas criações de Vera Mantero. Houve ainda espaço para colocar várias questões à artista, que contribuíram para um diálogo fluente e mais próximo entre a mesma e os alunos.
De salientar a boa atmosfera presente no encontro, marcado pela partilha de sensações/sentimentos e sobretudo, por uma completa admiração pela arte.
A passagem de Vera Mantero pelo concelho não se restringiu à Escola Secundária. Durante toda a semana em questão, decorreram várias actividades na Biblioteca Municipal, entre elas workshops, apresentações e sessões artísticas. Desta forma, os munícipes puderam contactar com o trabalho desenvolvido pela coreógrafa.
Joana Cabrita
10º N2, nº18
e os alunos criaram...
um workshop teve início por volta das 13h30min com a apresentação de um documentário baseado no espectáculo de Vera Mantero e do escultor, Rui Chafes, Comer o Coração.
Após a visualização do documentário os alunos presentes, nomeadamente, os de Artes foram destacados para pintarem painéis e os de Ciências e Tecnologias para elaborarem textos, para que, através daqueles mesmos trabalhos, se pudessem expressar consoante com o que tinham acabado de ver.
O workshop contou com o apoio incondicional das professoras responsáveis por toda a organização: do projecto Ler - Maria José Afonso, Carla Rosete, Esmeralda Alves – e da professora de Artes, Aurora Neves.
Pelas 15h30min, a protagonista de todo o trabalho que estava a ser feito, Vera Mantero, teve o prazer de contemplar todos os presentes com a sua visita, apreciou os trabalhos e acabou por ver um pequeno slide com a intervenção de algumas alunas que lhe iam colocando questões acerca dos seus projectos e da arte contemporânea. De forma descontraída, em cima de uma mesa, de pé e encostada à janela, respondeu às perguntas colocadas.
Entretanto, Vera Mantero teve de se retirar para descansar e preparar o concerto que naquela noite ia decorrer na Biblioteca Municipal de Silves. O workshop prolongou-se durante grande parte da tarde até todas os projectos estarem concluídos.
Catarina Laginha, 10ºF1, Nº4
Resposta poética ao trabalho de Vera Mantero
Ouço num grito ausente
A verdade, um sufocar,
É vontade de fugir,
Fugir, naufragar, ficar para lá do presente.
Um corpo não só com movimento
Não só em pensamento
Também em viagem
Pelo mundo da liberdade
Como metáfora do tocável
E do tolerável, simples
Universo em plena miragem.
Vislumbro alguém pelo infinito
Em segredo, mistério,
Relevo indefinido
Mero problema de expressão
Rodopio silencioso
E o bater do coração.
No fim de contas, que sensação?
Talvez um louco bater,
Descompassado turbilhão
Todos e sós sentimentos
Numa gota de solidão.
Joana Cabrita
10º N2, nº18
«Somos, com efeito, alguma coisa do que dizemos que somos, mas somos muito mais aquilo que fazemos.»
Taborda de Vasconcelos, Quando os médicos escrevem
Livre, é assim que a vejo
Faz o que sente, usa o corpo como um meio
Um meio para chegar a um fim
Mas a que fim se pode chegar?
Que dança delirante, arte?
Um misto de expressões
Uma lufada de ar fresco
Ela é assim
Pára, pensa e sente
Age, dança e expressa
Ela respira cada sentimento
Sente cada pensamento
Como uma criança em agonia
Temos a artista em desespero
A vontade de dizer algo mais,
De dar algo mais.
A grande fúria dos sentimentos
A que não cala nem consente
Mas sente cada movimento, sentimento.
Liliana Guerreiro 10ºN2 Nº22
RESPOSTA À GRAMÁTICA DOS SENTIDOS
Os trabalhos que a seguir se apresentam são uma resposta poética à orquestração musical que o escritor e performer da língua portuguesa, Paulo Condessa, preparou para os alunos da Escola Secundária de Silves, através da sua palavra e dos sons que fez sair das taças tibetanas:
O 10 N2 ESCREVEU...
SINOS SINOS SINOS
IGREJA IGREJA
PRAIA
SINOSSINOS
PRAIA
IGREJA IGREJA
SINOS SINOS SINOS
RUBEN
Flutuo fora do meu corpo
O eu fora de mim
No perfeito branco
Na paz disforme.
Intenso
Pacífico
Indescritível
O eu fora de mim
Sai uma sombra transparente
Danço com doçura numa redoma
Uma caixa de música
Os sons e o vento em mim
Rodopio
Sinfonia
Suave balançar
Fragilidade tranquila
Um vento controla os meus movimentos
Canta-me segredos
Toca-me a transparência.
ADRIANA ROQUE
IR MAIS ALÉM
Campo verde.
Ervas altas transpiram ao sabor do vento
Ao longe, árvores de grande porte erguem-se na paisagem.
Sons calmos. Ervas rasteiras abanam levemente.
O Ritmo acelera, distorcido.
A imagem torna-se vermelha. Um campo a arder.
O Ritmo acalma. Eu estava na colina.
Ao longe, na colina verde
Os sinos tocavam lentamente na Igreja,
as palavras do poeta.
Descalço-me. Subo as escadas brancas do céu.
Anjos e fadas esperavam-me.
Em baixo, as colinas de ervas rasteiras balançavam
para acalmar a solidão da minha partida.
Recordação: Um candeeiro chinês.
Um espanta espíritos dançava ao ritmo do vento.
SIMBOLO da minha presença naquele local.
FLÁVIO MAMEDE
uma praia
areia muito branca
um anjo loiro
de pele perfeita e branca
o corpo
o corpo
o corpo
musculado do anjo:
-que fazes aqui?
não reagi, não respondi
LOIRA
Relembro sentimentos
O presente
Há experiências que aceleram o sofrimento
Relembro sentimentos, problemas
Não me acalmo
Nem esqueço os problemas
E os sentimentos torturam-me
Fui só eu.
JOÃO BENTO
Senti e ouvi
Senti-me noutra dimensão,
estava o meu espírito e os sons das taças.
Só isso, livre de qualquer pensamento.
Só eu e os sons.
Senti-me voar para longe desta sala.
Só eu e os sons.
No fim, voltei … lentamente e regressei ao meu corpo.
Uma paz de espírito.
Senti-me.
ANDREIA PISCARRETA
Imaginei-me …
A percorrer uma estrada,
uma estrada sem fim,
repleta de árvores
floresta, imagens sublimes
Corriam pedaços da minha vida
mistura de sensações
infância
toque de magia e mistério
paz
imensa e profunda
silêncio
ressoam sons em meu redor
Joana Cabrita
Emoções, sentimentos, imagens
A música leve
Um toque na face
Só, a vaguear
Perdi-te
Na rua
Era um dia escuro
Brisa fria
Brisa quente
Brisa doce
Um abraço
A avó e a neta
O adeus, o outro lado do mundo
DANIELA PACHECO
Calma.
Muita calma
Eu sou uma bailarina celestial
Assisto à missa num dia cheio de sol
Tranquilidade
Tocam os sinos na igreja
Agitação, agitação
Que experiência
JOANA LUZ
As palavras elevavam-se
Os pássaros chamavam-me
Subi, subi, subi
Era cada vez mais doce
Mais suave.
As palavras cessaram
Os pássaros devolveram-me
Desci, desci, desci
Ficou a sensação
Tão doce
LILIANA GUERREIRO
Na cama com
pesadelos
Na cama
Na cama
E os pesadelos
A certa altura caí
Levantei-me
Tropecei nas botas
Acordei
Depois não imaginei nada
SÉRGIO SILVA
Eu senti
Ouvi a música
A caixa de música da minha infância
Tinha 5 anos e estava triste
Tinha 10 anos e estava triste
Os meus amigos alegravam-me
Eu senti
Tranquilidade e harmonia
ANDRÉ SILVA
Um quarto de bebé
O mar
As janelas abertas
O vento nas cortinas brancas
Um bebé doce e calmo
As cortinas esvoaçantes
ANNICKA
Uma ilha.
Uma cabana.
Árvores. Frutos.
Uma luz, um corredor
Uma luz amarela
Um corredor preto
FILIPE BELO
Ouço Sons Sons,
Sons de tranquilidade
Sons de paz
Vontade de dormir
Esquecer tudo à minha volta
Só eu e os Sons
ANDREIA SILVA
Sons Sinos
Sinos de igreja
Cemitério
Antepassados
Tempos passados
Com antepassados
DAVID NEVES
Debaixo de água
Vejo a luz
O cenário muda
É verão.
A brisa percorre-me
Deitado na cama, a relaxar.
Outros tons. Outros sons
De novo a viagem
Debaixo de água
Vejo a luz do sol
O sol movimenta-se com as ondas
Como uma dança entre as ondas e a luz
O cenário muda
Uma casa. Uma pradaria.
Olho os campos
Alguém a meu lado faz-me sentir bem.
BRUNO MARTINS
Estava a ouvir o mar
e
a
sentir
o calor do meu corpo
não me lembro de mais nada.
JAMES MATOS
Mundo preto
Ar fresco à minha volta
Calma. Sons à minha volta.
Pequena luz.
Palavras da minha vida
Pessoas da minha vida
Sem sentido
É preciso chegar à luz
Abri os olhos
Vi a calma
A acordar
É preciso responder à luz
Quando se morre.
ANA RITA
O JOGO DA FLORESTA COM O 10º N1...
Numa floresta surrealista achei uma chave,
Qual espada de brilho incandescente.
Regressei a casa e com aquela chave
Abri o meu coração.
Libertei a minha alma
Voando pelo tempo
Andei pelo sonho
Acordei num corpo extasiado
Graças à chave, vivo a minha vida
Carlos, 10º N1
Linda floresta, tão admiradora quanto bela.
De tanto escutar os seus pássaros,
Apaixonei-me por ela.
Ao respirar aquele ar,
Desejei nunca mais tornar a casa.
Guilherme, 10º N1
A Floresta
É verde, rodeada de árvores
Grande
É a casa dos animais
Silêncio
Floresta calma
Por ser tão calma
Até se ouvem sons de animais
Na floresta
Ruben, 10º N1
A floresta era linda
Árvores, folhas verdes, tão verdes
Como a esperança.
Os pássaros trinavam encantadoras melodias.
Raios de sol no lago, onde a minha imagem ficou
Reflectida na água como um espelho.
Ânia, 10º N1
Floresta que agarra a diversidade
Ser calmo que
Faz libertar a alma...
Imaginar...
Imaginar o que o mundo nos deu
Seres magníficos, inconfundíveis
A floresta é a natureza
Que deus nos deu.
Inês, 10º N1
Na floresta, encontrei uma chave
Chave bela e antiga com quatro dentes riscados.
Muitas vezes foi usada, em portas, baús e tesouros
Redonda, dourada e já enferrujada
Esta simples chave
Mariana G 10º N1
O prato da minha avó
ficará sempre no meu coração
no dia em que ele partiu ninguém mais o viu.
O prato velho da minha avó
tinha muito ainda para dar
E quando é de repente
custa mais a passar
o prato da minha avó
PAULO, 10º N1
Na floresta havia um lago
Maravilhoso e inspirador
Nele se reflectia o sol
Nele se viam os peixes.
Via-me nele como se fosse o meu único espelho.
Nele reflectia o meu rosto,
A minha cara, o meu nariz, o meu corpo
Era um lago maravilhoso e inspirador
Nele se reflectia o sol
Nele se via o meu rosto
Marlene 10º N1
No lago
Estamos num barquinho
Naufragando... Águas nítidas
Fundo misterioso
De um azul escurecido e
Seres de cores exóticas
Algas e peixes e animais nunca vistos
Aqui no fundo, cada vez mais profundo
Aqui no mundo cada vez mais mudo
Jonathan, 10º N1
Lago exótico
Cascata
Mar
Água limpa, peixes coloridos
Tartarugas
Corais no fundo
Água quente, queimei-me, acordei
E cresci!
Mariana S, 10º N1
Um lago seco,
Completamente seco
Contudo existia VIDA
VIDA de forma muito estranha
Vida sem água
Sem absolutamente NADA
Apenas peixes e insectos
Velhos e medonhos
Fartos de esperar
E imaginar.
Sonhavam,
Sonhos
Que não chegavam…
Francisco, 10º N1
No meio da vida , o muro, separando….
Um muro
Um muro que não deixa ver
E quem o fez pretende esconder, esconder…
Um muro
Alto e inquieto
Talvez seja o futuro
O futuro secreto…
João, 10º N1
O muro é longo, velho
Está a cair
É do meu tamanho
Dá para subir
Está cheio de buracos
São janelas
Mas não sei o que me espera
do outro lado
Das janelas
Jordan, 10º N1
A POESIA É UMA COISA INDEFINIDA...
A poesia é uma coisa indefinida.
Cada pessoa pode escrever o que lhe vai na alma, mas os seus leitores podem interpretá-la de maneiras diferentes. É uma guerra de sentimentos, um desabafo das nossas emoções, serve de certo modo para nos aliviar o espirito.
Através das palavras, a nossa imaginação pode levar-nos a quilómetros daqui mas isso, depende de cada um.
Por vezes, não compreendemos o que o escritor nos quer transmitir, mas um poema tem sempre informação a reter, que nos faz pensar, tornando-o assim, uma espécie de… filosofia.
E como podemos ir sempre mais além, é infinita.
Flávio Mamede 10º N2
Aconteceu na Escola Secundária de Silves
No dia 11 de Março, Quinta-feira, o poeta Paulo Condessa esteve na Escola Secundária de Silves, num encontro promovido pelo Projecto L.E.R. da escola, em colaboração com a Biblioteca Municipal. O escritor/poeta apresentou o espectáculo “Louco Homem Gramático”, que é, segundo as suas palavras, “um esquisito espectáculo poético alfabético”, e os alunos puderam conhecer um pouco a sua obra, principalmente a poética. O encontro foi caracterizado por uma atmosfera de grande envolvimento e adesão por parte do público jovem e ao longo de todo o espectáculo houve muita animação. Nós mesmas denominamos este encontro como “um momento a recordar”, tanto pela originalidade do artista, como pela sensação de partilha de experiências existente entre os elementos presentes.
Depois de uma introdução ao espectáculo, realizada por Paulo Pires, animador da Biblioteca Municipal, o poeta deu início ao seu espectáculo, muito divertido e dinâmico, e muito apreciado pelos alunos presentes. Por entre jogos de palavras e alguns trocadilhos um tanto ao quanto “esquisitos”, Paulo Condessa divertiu a plateia com a sua apresentação em tom teatral. Um dos momentos altos do espectáculo ocorreu quando os alunos acompanharam o poeta na leitura de um poema num registo Rap.
Seguidamente, alguns alunos, agrupados em trios, duplas, ou até mesmo sozinhos, declamaram poemas do escritor, o que demonstrou a diversidade de escrita presente nas suas obras.
A finalizar com chave de ouro, os presentes foram brindados com uma sessão de relaxamento, em que as palavras se combinaram com sons provenientes de instrumentos peculiares. Tal sessão permitiu a todos viajar por mundos longínquos, plenos de sensações, descritos como retratos ocultos do corpo e da mente.
Toda a exibição foi de uma imensa riqueza linguística e pessoal, e, na nossa opinião, salientamos a capacidade que houve para nos abstrair do mundo à nossa volta, explorando a língua portuguesa nas suas múltiplas variantes.
O poeta apresentou ainda este espectáculo na Biblioteca Municipal, no mesma dia, a partir das 21h. Possui um blog de nome “Sangue transparente”, que pode ser visitado em:
http://paulocondessa.blogspot.com/ .
Deixamos aqui um pouco da poesia de Paulo Condessa:
Cada lágrima é um beijo
e em cada lágrima caio eu Tu o beijo a cascata
são já pétalas somos flores
caímos sempre a subir
esquecemos avisos em cima de avisos
somos galgos brancos alados
subimos nuvens, absortos
insubmissos
Joana Cabrita, Liliana Guerreiro e Joana Luz 10º N2
NA ESCOLA SECUNDÁRIA DE SILVES
No âmbito do Dia Mundial da Poesia e da Semana da Leitura, a Biblioteca Municipal traz a Silves um dos mais originais e criativos promotores portugueses do livro e da leitura da actualidade, Paulo Condessa, que virá apresentar o espectáculo “Louco homem gramático”.
Dia 11 de Março - pelas 10 horas no Auditório da Escola Secundária de Silves :
para alunos e professores, havendo depois uma conversa/debate do autor com os alunos sobre os seus livros.
e à noite, pelas 21.00h, na Biblioteca Municipal, dirigida ao público em geral.
“louco homem gramático” é, nas palavras de Paulo Condessa, um “esquisito espectáculo poético alfabético”. Numa loucura organizada, às voltas com a leitura e com os tiques da língua, um homem tenta fazer um espectáculo de amor e poesia. Mas tropeça na gramática e cria alergia alfabética. Decide então tomar uma medida profiláctica: imagina um Manifesto contra a velha Gramática! Evoca os grandes heróis da liberdade poética e propõe um palavrário que torne a Língua numa coisa mais… alfassintéctica!
Este espectáculo procura desenvolver o sentido crítico a partir do sentido lúdico e humorístico, despertando o público para a Língua como fonte de investigação pessoal e social, e associando assim a leitura a prazer e diversão.
o céu dentro da boca
Desci as escadas da nave. Pús o pé no planeta
senti a bota afundar-se
numa espécie de algodão doce
A Terra é um sonho virado
de cabeça para baixo (...)
cada beijo é um degrau macio
cada lábio deixa
uma suave pegada de amor
pendurada no parapeito
da boca aberta
cada beijo é uma flor um assobio
cada língua um gomo de esperança
a boca acorda ao som de uma boca inquieta
cada beijo cada pétala
cada degrau macio
subindo até ao céu desperta
o sonho da boca incompleta
in "degaru macio"
Vista desta janela a lua parece poderosa
deve ser por aqui por esta fissura amarela
que à noite os sonhos me entram
directos para as artérias
são duas salas opostas
separados por longos cortinados carmim
onde os grandes combates tomam ligar
no coração do mundo
claro escuro (...)
in "agri-doce"
A minha vontade é espalhr
este grito enorme pelo escuro
enviar uma mensagem
aos corpos vibrantes do espaço
testar se podem realmente ouvir-me
essas grandes barrigas celestes como as mães
ouvem os filhos
acontece que a certas horas do dia
tenho medo que as minhas dúvidas se transformem
em pássaros negros com bicos que deslaçam
rompem amarras até ao limite tolerável
pela matéria que a minha carne sustém
podia ser um fax um telegrama uma mensagem
que fizesse a diferença uma mensagem
que se escutasse a si própria como aos meus ouvidos
se recusam a dar a volta completa
dentro da nave (...)
in "pulmão vestido"
Apresente-se o céu dentro da boca...
Este é o relato de uma viagem impossível pelos astros por todos os mastros que uma nave tern que erguer ao redor do seu corpo luminoso enquanto viaja a nave coroa o espaço dentro de si dentro do espaçoantes que o Sol passe de novo por entre as orbitas são rios de pálpebras que guardam a sombra uma verdade inscrita em todas as portasMuitos iguais a mim não vislumbram esta retina, não perfuramesta devoção aérea com olhos flamejantes:andei a flutuar demasiado tempo acima das cabeçassem saber que estava perdido Demasiadas vezesdei comigo a pensar A projectar-mepara fora do olho em orbitasensível. Masnão tive como dizeralternativa. Oiçamo negro de veludo e constante durante a noitedurante o dia as únicas luzes são estrelasque pertencem a constelações inalcançáveisquando a gravidade se ausenta em parte incertaos pontos cardeais descolam do cérebrosão flocos conscientes que tremem dentro do musculoe eu tremo nas fundações da solidão sideral, tremono inverno que alberga o meu corpo infinitamente minúsculo,tremo e cresço perante: o trono universal(…)Se vos deixo estas memórias meus herdeiros é porque o devo a mim próprio e ao Mundo mas é a Ti que me escapas a Ti que me incentivas que agora me dirijo a Ti e a Vós que iluminais os ares que me circundam com os archotes sagrados do coração. (…)Esta é a história; são estes os registosdo desencontro com o encontro dos olhos com a carado cabelo com a franja do explorador com a sua naveo seu percurso o seu planeta a sua vida a descascaros dedos ate poder sentir em filigranaa renda branca, os gomos nusda Grande Laranjaque o Tempo guarda dentro do tempodentro do corpo onde o Céu derramao sumo da luz que oferece a luzagua que não molha fogo que não queima.Paulo Condessa, o céu dentro da boca
O Segredo é amar...
O Poeta beija tudo, graças a Deus... E aprende com as coisas a sua lição de sinceridade... E diz assim: «É preciso saber olhar...». E pode ser, em qualquer idade, ingénuo como as crianças, entusiasta como os adolescentes e profundo como os homens feitos... E levanta uma pedra escura e áspera para mostrar uma flor que está por detrás... E perde tempo (ganha tempo...) a namorar uma ovelha... E comove-se com coisas de nada: um pássaro que canta, uma mulher bonita que passou, uma menina que lhe sorriu, um pai que olhou desvanecido para o filho pequenino, um bocadito de sol depois de um dia chuvoso... E acha que tudo é importante... E pega no braço dos homens que estavam tristes e vai passear com eles para o jardim... E reparou que os homens andavam tristes... E escreveu uns versos que começam desta maneira: «O Poeta beija tudo, graças a Deus ... O segredo é amar...»
Sebastião da Gama (n. 1924, Vila Nogueira de Azeitão), Diário»